Epidemias e pandemias

Uma pandemia é uma epidemia que se espalha à escala global, podendo causar a morte de milhões de seres humanos. A maior pandemia da história foi o surto de Influenza, conhecido por gripe espanhola, que ocorreu no final da 1ª Guerra Mundial e que matou entre 20 e 40 milhões de pessoas, consoante as estimativas. A vulnerabilidade da população, subnutrida e enfraquecida pela guerra, as más condições de higiene nas trincheiras e o acréscimo de mobilidade das tropas aliadas em 1918, facilitaram a propagação de um (provavelmente) novo vírus da gripe, que se espalhou rapidamente pelo mundo inteiro, apesar das medidas de prevenção tomadas imediatamente por muitos governos.

Aviso público da epidemia de gripe de 1918.Tratamento preventivo da gripe espanhola (1918).Duas enfermeiras da Cruz Vermelha Americana a mostrar as prácticas de tratamento durante a pandemia da gripe espanhola de 1918.

Há séculos que existem registos de epidemias e, na Idade Média, as epidemias de peste tiveram um impacto tal na vida das populações que marcaram a História europeia. A primeira epidemia de peste ocorreu na Europa no século sexto, mas a primeira pandemia teve início só em 1328.

Explicando a importância do contágio da epidemia da peste negra, gravura da página de título do livro 'Hippocratis Opera Quae Extant' publicado em Veneza em 1588.

O carácter pandémico deste surto deve-se a uma mudança do estilo de vida europeu. O crescimento das cidades e o aumento do comércio e da mobilidade das populações permitiram que a doença se propagasse da Ásia, através das rotas comerciais, até à Europa e à África. Na Ásia, a propagação seguiu a rota das caravanas, mas os navios europeus, que transportavam os ratos transmissores da doença, permitiram que a peste chegue à Crimeia em 1346 e que em poucos anos atingisse toda a Europa, dizimando um quarto da população. Durante décadas não foi possível erradicar a doença, apesar da implementação de algumas medidas de prevenção como o controlo da mobilidade das populações e o encerramento dos teatros e de outros estabelecimentos públicos.

A descoberta de vacinas e a implementação de planos de vacinação em massa permitiram, nas últimas décadas, o controlo da maioria das doenças infantis como o sarampo e levaram mesmo à extinção da varíola. Apesar destes sucessos, o risco de propagação epidémica continua presente.

De facto, fenómenos recentes, como a propagação de novas epidemias à escala mundial (SARS, gripe das aves) ou de vírus informáticos através da internet, têm chamado a atenção do público em geral para a importância, não apenas da existência de novos vírus, mas também da estrutura da rede de contactos através da qual a infecção se propaga.

De que maneira é que factores como os padrões demográficos ou as redes de transportes intervêm na propagação de uma doença?

'La peste à Tournai', 1349, iluminura flamenga da crónica de Gilles de Nuisit.
Quadro representando a peste na Idade Média