Controlo dos colóides

Disposição das cargas eléctricas na superfície de uma partícula coloidal.

Provavelmente a situação mais comum que contribui para a estabilidade coloidal é o facto de as partículas dispersas adquirirem cargas do mesmo sinal (visto que têm a mesma composição, não é de surpreender que tendam a acumular o mesmo tipo de carga). Este fenómeno deve-se quer à adsorção de iões do meio de dispersão, ou de moléculas de surfactante carregadas, quer à ionização de algumas moléculas ou partes de moléculas situadas à superfície das partículas dispersas.

Por exemplo, se a partícula coloidal acumular uma carga negativa à superfície, esta carga vai atrair os iões de carga positiva do meio de dispersão criando-se uma atmosfera difusa de iões de carga contrária (neste caso positiva) à volta da partícula coloidal, o que dá origem à criação de uma dupla camada eléctrica. É esta dupla camada eléctrica que "protege" as partículas coloidais, quando estas chocam, pois as atmosferas das partículas colóidais têm carga do mesmo sinal e consequentemente repelem-se, além de funcionarem como barreiras físicas que evitam a aglutinação das partículas coloidais.

A força de repulsão eléctrica não é, porém, a única força em jogo: existe também a força atractiva de Van der Waals, sendo o balanço destas duas forças que dita a estabilidade, ou a falta dela, de um colóide:

Resultante da força de repulsão eléctrica e da força de atracção de Van der Waals.

Esta teoria foi desenvolvida no começo da década de 40 por dois grupos de cientistas, Boris Derjagin e Lev Landau na Rússia, e Evert Verwey e Theo Overbeek na Holanda. Ambos os grupos publicaram as suas ideias após a Segunda Guerra Mundial e a teoria ficou democraticamente conhecida por teoria de Derjagin-Landau-Verwey-Overbeek, universalmente abreviada para "DLVO".

A dupla camada eléctrica pode ser controlada modificando o meio de suspensão, quer pela variação do pH, quer pela mudança dos iões dissolvidos, quer pela a adição de surfactantes, quer pela a adição de enzimas que destruam os surfactantes. E assim possível manipular as interacções entre partículas coloidais, podendo-se, inclusivamente, fazê-las passar de predominantemente repulsivas para predominantemente atractivas, e vice-versa.